O humorista Marcelo Alves, que confessou ter assassinado a miss teen Raissa Suellen Ferreira da Silva, de 23 anos, em Curitiba, gravou um áudio direcionado à advogada da família da vítima. Na mensagem, antes de se entregar, ele disse que jamais havia causado qualquer mal à jovem. k3r3o
De acordo com a advogada Carina Goiatá, que representa a família de Raissa, Marcelo enviou o áudio enquanto a jovem ainda era considerada desaparecida. No entanto, as investigações indicam que ela foi morta no mesmo dia em que sumiu. A gravação foi entregue à Polícia Civil do Paraná nesta terça-feira (10), um dia após a confissão do crime e a prisão do suspeito.
No áudio, Marcelo negou ter feito mal a Raissa, mas itiu que já tinha olhado para ela “com outros olhos”. “Nunca tive intenção, nem tenho intenção, nunca tive de fazer mal nenhum à Raissa”, declarou. Questionado pela advogada se ele já havia feito algo contra a jovem, ele respondeu: “Não, não tem intenção nenhuma com a Raissa”. Em seguida, Goiatá questionou: “Já olhou ela com outros olhos?” Marcelo, então, afirmou: “Todos os olhos”. Ouça:
Suspeito de matar miss disse em áudio enviado após o crime que nunca fez mal para a vítima pic.twitter.com/o8bS1zE730
— WWLBD ✌🏻 (@whatwouldlbdo) June 10, 2025
Raissa estava desaparecida desde o dia 2 de junho, em Curitiba (PR). Natural de Paulo Afonso, na Bahia, ela morava na capital paranaense havia três anos e, segundo familiares, planejava se mudar para Sorocaba (SP), onde tinha uma proposta de trabalho. Em 2020, foi coroada Miss Serra Branca Teen.
O suspeito, que também é conhecido como Alves Li Pernambucano, era amigo da vítima e mantinha laços próximos com sua família. De acordo com os relatos, ele reagiu tentando demonstrar preocupação com o desaparecimento e chegou a oferecer sua casa, em Curitiba, como apoio para os familiares que haviam saído da Bahia para ajudar nas buscas.
Após a confissão, o suspeito levou a polícia até uma área de mata em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba. Lá, o corpo da jovem foi encontrado enterrado e enrolado em uma lona.
De acordo com a investigação, os dois se conheciam havia muitos anos. Marcelo conheceu Raissa quando ela tinha 10 anos, durante um projeto social em Paulo Afonso (BA). Foi ele quem a ajudou na mudança para Curitiba, há cerca de três anos.
Segundo Herbert Guilherme, primo da jovem, Marcelo manteve contato com a família durante os dias em que ela esteve desaparecida: “Quando eu soube do desaparecimento, liguei para ele. Ele ficou o tempo todo mentindo. Ficou dizendo que ia me ajudar a achar ela”. O primo também contou que Raissa enxergava o suspeito como uma espécie de figura paterna.
Conforme a delegada Aline Manzatto, responsável pelo caso, Marcelo contou que, no dia do crime, foi até Raissa com uma proposta falsa de emprego em Sorocaba. O objetivo, segundo ele, era convencê-la a encontrá-lo para que pudesse se declarar. “Ele disse que isso foi uma mentira que ele contou para ela, com o intuito de que ela viesse até ele para que, então, ele pudesse se declarar”, relatou a chefe de polícia.
Naquele dia, os dois almoçaram juntos e, depois, seguiram para a casa dele. Foi nesse momento que Marcelo revelou estar apaixonado, mas Raissa não retribuiu o sentimento. Ainda segundo o suspeito, ela o xingou, o que teria provocado sua reação violenta.
O homem contou que enrolou o corpo da jovem em uma lona, prendeu com fita adesiva e, em seguida, chamou o filho. Ao ver a cena, o jovem teria ficado desesperado e tentou convencê-lo a se entregar. Mesmo assim, Marcelo colocou o corpo no porta-malas de um carro emprestado por um amigo e, com a ajuda do filho, levou-o até uma área de mata em Araucária, onde o enterrou.
Marcelo foi autuado em flagrante por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. A polícia informou que pretende pedir a conversão da prisão em flagrante para preventiva.
O filho de Marcelo também foi preso por envolvimento na ocultação do corpo, mas acabou liberado após pagar fiança. De acordo com a delegada, o inquérito segue em andamento para apurar se houve violência sexual, verificar a compatibilidade das lesões com o relato do suspeito e entender qual foi, de fato, a participação do filho no crime.
Defesa diz que crime não foi premeditado
O advogado Caio Percival, que representa Marcelo, alega que o crime não foi planejado e que seu cliente agiu sob “violenta emoção”. Segundo ele, o humorista está arrependido e tem colaborado com as investigações.
“Marcelo é réu primário, tem bons antecedentes, nunca pisou numa delegacia de polícia e infelizmente foi arrastado pelas barras da paixão a essa situação que foge, evidentemente, do normal. Nós temos uma causa de diminuição de pena que é a própria confissão e uma segunda causa de diminuição de pena que é o domínio de violenta emoção logo após injusta provocação da vítima, já que, em dado momento, houve uma discussão entre eles“, concluiu.