A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo esclareceu, na tarde desta quinta-feira (6), que a Justiça negou a prisão do ex-namorado da jovem Vitória Regina de Sousa, que foi encontrada morta nesta quarta-feira (5), após desaparecer depois de embarcar em um ônibus coletivo. Segundo as autoridades, porém, foram detectadas “inconsistências temporais” no depoimento do rapaz.
De acordo com o g1, o juiz Marcelo Henrique Mariano negou o pedido de prisão temporária e o de busca e apreensão ao considerar que, “por ora, não há indícios seguros de autoria delitiva, sendo necessário o aprofundamento das investigações“.
Durante uma coletiva de imprensa realizada na tarde de hoje (6), o delegado Aldo Galiano Júnior revelou que a Polícia Civil identificou um novo suspeito por participação no assassinato da jovem: um homem que mora próximo à residência da vítima e que desapareceu da região assim que o crime aconteceu.
“Essa pessoa sumiu de lá, perto da casa da [Vitória]. Já localizamos várias pistas e estamos trabalhando em cima disso. Ele também é investigado. Aliás, é o mais forte investigado“, disse o delegado, que também explicou que esse mesmo suspeito emprestou um carro para o ex-namorado de Vitória, e esse veículo ou pela cena do crime.
Segundo Aldo, 14 pessoas foram ouvidas e sete estão sendo investigadas, embora ainda não sejam tratadas como suspeitas. São elas: o ex-namorado, um ficante, os dois homens que entraram no ônibus com a jovem e os dois que estavam no veículo que a abordou quando ela desceu do coletivo.
O pedido de prisão do ex-namorado feito pela polícia e negado pela Justiça foi motivado por “inconsistências temporais” no depoimento dele, em relação aos relatos de outras testemunhas.
“Há uma grande inconsistência na oitiva dele quando confrontado com os fatos das diligências. Os horários que ele diz não batem com o depoimento das outras pessoas. Ele tem que esclarecer isso“, afirmou Galiano Júnior em entrevista à TV Globo. “Talvez ele não tenha executado, mas sabia que ela seria executada. Estamos levantando os dados para saber com quem ela falou, fazendo o cruzamento das ligações“, completou.

Ainda de acordo com Galiano Júnior, o ex-namorado estava em um Corolla próximo ao local do crime, às 00h35 do dia do desaparecimento de Vitória. No entanto, durante o depoimento à polícia, ele alegou que estava com uma garota em outro lugar naquele mesmo horário. O automóvel em questão já foi localizado e enviado para perícia. Um fio de cabelo foi encontrado dentro do veículo e será examinado pelo IML para determinar se pertence à vítima.
“Temos várias informações inconsistentes. A menina desapareceu entre 00h15 e 00h30. Ele afirmou estar com uma jovem de 17 anos, que foi identificada e se apresentou, mas há uma prova contundente de que ele estava próximo ao local do crime por volta de 00h35. Isso contradiz toda a versão apresentada por ele, apenas pela própria cronologia“, explicou o delegado, conforme divulgado pelo g1.
O ex-namorado também disse em seu depoimento que recebeu a mensagem sobre o desaparecimento de Vitória por volta das 4h da manhã, mas a investigação apontou inconsistências. Registros revelaram que o investigado recebeu as mensagens antes e chegou a visualizar por volta de 00h30, mas só respondeu às 4h da manhã, quando mandou um “ok”. A jovem tentou contatar o ex-namorado no dia de seu desaparecimento, pedindo uma carona, mas não obteve resposta.
Relembre o caso
Imagens de câmeras de segurança registraram os momentos que antecederam o sumiço de Vitória Regina de Sousa. Os vídeos mostram a jovem saindo do shopping, atravessando uma avenida em direção ao ponto de ônibus e, em seguida, embarcando no veículo.
Antes de embarcar, Vitória enviou mensagens para uma amiga, incluindo um vídeo, dizendo que estava com medo. Em seguida, mencionou a presença de “dois meninos” ao seu lado. Já dentro do ônibus, contou que apenas um deles havia subido no mesmo veículo. Mais tarde, segundo o g1, a jovem enviou um áudio tranquilizando a amiga, afirmando que estava “de boaça” porque o garoto não desceu no mesmo ponto que ela.

De acordo com familiares, em entrevista à TV Globo, Vitória não costumava voltar para casa de ônibus, pois seu pai geralmente a buscava. No entanto, naquele dia, o carro dele estava na oficina. Testemunhas relataram à polícia que um carro com quatro homens seguiu a adolescente após ela desembarcar do ônibus e caminhar em direção à sua casa, localizada próxima a uma área de mata em Cajamar. Os investigadores tentam determinar se Vitória foi forçada a entrar no veículo.
Assista:
Siga a Hugo Gloss no Google News e acompanhe nossos destaques⏯️ Jovem de 17 anos desaparece após citar “suspeitos” em ônibus
Vitória de Souza tinha saído do trabalho em Cajamar na madrugada de quinta e ia para casa. Ela foi vista pela última vez entrando em ônibus
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— Metrópoles (@Metropoles) March 3, 2025