Criança de 6 anos liga para a polícia, salva a mãe de agressão e convence o pai a se entregar, em SP

O caso aconteceu em Bragança Paulista, no interior de São Paulo

Em Bragança Paulista, interior de São Paulo, uma criança de apenas 6 anos interrompeu um ato de violência doméstica dentro da própria casa. No sábado (7), ao presenciar a mãe sendo agredida pelo pai, a menina pegou o telefone e ligou para a Polícia Militar, pedindo ajuda.

Segundo informações do g1, a ligação da menina relatava que sua mãe estava sendo agredida e que havia sangue no local. Quando os policiais chegaram na residência, no bairro Parque Brasil, foram recebidos pela própria criança, que reafirmou o que havia acabado de contar ao telefone.

Dentro da casa, os agentes encontraram a mulher com ferimentos visíveis e manchas de sangue. Ela relatou que foi agredida com socos no nariz e na cabeça pelo companheiro, identificado como Márcio Augusto da Costa Silva, de 46 anos. A vítima também relatou que esse não foi o primeiro episódio de violência praticado por ele.

O homem foi localizado na residência e chegou a demonstrar resistência à presença dos policiais. Mas, segundo o tenente Aruan Baccaro ao veículo, foi a própria filha quem o convenceu a se entregar. Após ser abordado, Márcio Augusto foi revistado e preso em flagrante.

Agressor foi preso em flagrante. (Foto: Divulgação/Polícia Militar)

O suspeito foi encaminhado à cadeia pública de Piracaia, cidade vizinha, e ou por audiência de custódia no domingo (8), onde a Justiça converteu a prisão em flagrante em prisão preventiva. A investigação agora segue sob responsabilidade da Delegacia Seccional de Bragança Paulista, onde o caso foi registrado como violência doméstica e lesão corporal.

A mulher manifestou desejo de solicitar medidas protetivas de urgência. Já a atitude da filha, vista como decisiva para a proteção da vítima, foi destacada pelo tenente. “O nosso trabalho é feito de maneira profissional, independente da idade e origem. Não importa quem você seja, se a informação que chegou a nós tem indícios mínimos de veracidade, nós despacharemos a viatura para que você possa ser atendido o mais rapidamente possível“, afirmou.

A Folha de S. Paulo teve o a um trecho do diálogo entre a criança e a PM. Veja:

PM: Polícia Militar, emergência.
Criança: Eu preciso de uma viatura aqui no Cruzeiro urgente. [..] preciso de uma polícia aqui, urgente. O meu pai bateu na minha mãe, ela tá pingando sangue aqui. Desde ontem ele tá batendo na minha mãe, eu tô muito nervosa. Eu sou uma criança.
PM: Espera um pouquinho, qual que é a rua da tua casa?
Criança: A rua?
PM: É.
Criança: É Bragança Paulista.
PM: Não, e a rua? Aí é a cidade.
Criança: A cidade? A rua, né?
PM: É.
Criança: Ô mãe, qual é a rua? Qual é a rua, mãe? Mãe, fala a rua.
(Mãe ao fundo): A mãe tá bem.
Criança: Fala a rua! Fala a rua, caramba.
(Mãe ao fundo): Não precisa.
Criança: Fala a rua, mãe.

Lei Maria da Penha

De acordo com a Lei Maria da Penha (Lei n° 11.340/2006), a prática de violência doméstica pode resultar em pena de 3 meses a 3 anos de detenção, podendo ser agravada dependendo da gravidade das lesões e da reincidência. Em casos mais severos, o agressor pode ter a prisão preventiva decretada, como aconteceu nesta ocorrência.

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