Fantástico exibe cenas inéditas de julgamento de Paulo Cupertino, com recusa de perdão e citação a Lula e Bolsonaro; assista

Paulo Cupertino foi condenado a 98 anos de prisão pelas mortes do ator e seus pais

Quase seis anos depois dos assassinatos do ator Rafael Miguel e de seus pais, João e Miriam, a Justiça de São Paulo julgou Paulo Cupertino, acusado de ser o responsável pelos disparos. Ele foi condenado a 98 anos de prisão em regime fechado. O “Fantástico” deste domingo (1º) revelou cenas do interrogatório que mostram o réu contrariando as próprias advogadas, sendo advertido pelo juiz por mau comportamento e negando ser o responsável pelas três mortes.

O crime ocorreu em 2019, quando Rafael, de 22 anos, namorava Isabela, filha de Cupertino, que era contra a relação. Diante das restrições para que os dois se encontrassem, João e Miriam procuraram Cupertino para uma conversa. Entretanto, durante este encontro, os três foram assassinados. As gravações do julgamento foram feitas por uma câmera do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), com a ciência do acusado, no Fórum Criminal da Barra Funda.

Cupertino foi interrogado somente por sua defesa, já que não quis responder às perguntas do Ministério Público (MP). Ele se recusou a pedir perdão e alegou que outra pessoa cometeu os assassinatos. “Impossível eu ter cometido esse crime. Eu não tenho que pedir perdão, tá? Porque nunca carrego isso no meu coração. Eu não tenho pesadelo, não sonho, não tenho arrependimento. Porque não vem a imagem de eu matando o Rafael, a senhora Miriam e o senhor João“, declarou.

Diante do júri, Cupertino afirmou: “Nunca na minha vida, eu tive conhecimento do Rafael, da senhora Miriam e do senhor João, tá? Seria o maior privilégio da minha vida ter conhecido o Rafael. Então, foi vetado. Não por mim, porque eu nunca proibi. Eu nunca soube que a Isabela namorava“. Segundo ele, outra pessoa atirou contra a família.

Eu não fui covarde por ter matado o senhor João e a dona Miriam, eu fui covarde porque eu poderia ter evitado. Quando eu vi a cena, o vagabundo, o infeliz que tava lá, que cometeu isso… Eu tinha força suficiente. ‘Ah, Paulo, mas você corre’. Eu não saio correndo, saio andando“, falou. Para o promotor da Justiça Rogério Zagallo, a versão é “fantasiosa”. “Ele se coloca na condição de testemunha de uma execução de três pessoas, não tenta impedir, não presta socorro, não ajuda, não faz nada“, apontou.

Cupertino negou ter assassinado Rafael, João e Miriam, em 2019. (Foto: Reprodução/TV Globo)

No júri, Cupertino se defendeu dizendo que “no dia dos fatos, não estava armado”. Contudo, segundo as investigações, ele tinha porte e registro de suas duas armas, um revólver calibre 38 e uma pistola 380. A arma do crime era uma pistola calibre 380. Para a acusação, dois cartuchos encontrados pela perícia na cena do crime são provas contra Cupertino.

Esse é um dos principais elementos que nos convenceu de que, efetivamente, foi o Paulo o autor dos disparos. A pistola calibre 380 ao ser disparada, ela ejeta essas cápsulas“, afirmou Zagallo. Câmeras de segurança gravaram a fuga após o crime. Ele ficou três anos foragido, até ser localizado em maio de 2022, a poucos quilômetros de onde Rafael e os pais foram mortos. Durante a oitiva, Cupertino se mostrou muito agitado e além de afrontar os promotores, criticou a imprensa e a polícia.

Nem foi uma fuga, essa fuga que se fala com toda convicção, que foi uma fuga espetacular, que eu sumi, que eu fui para outro país. Uma cambada de incompetente. Esses três patetas me prenderam. Eu não preciso de um script, sou capaz de coisa pior, excelência, para defender um filho meu, para defender uma família minha“, declarou.

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No julgamento, Cupertino também citou Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para fazer uma comparação de que, assim como o ex e o atual presidente do Brasil, ele também fala o que sente e pensa. Sobre a relação com Isabela, disse que não a agredia e que ela inventou que o ouviu atirando contra Rafael, Miriam e João. “Eu acho que ela foi iludida, abduzida, ela foi aliciada psicologicamente. Eu amo a Isabela. ‘Ah, você tem raiva.’ Não tenho um pingo de raiva da Isabela“, garantiu.

Isabela, por sua vez, relatou o o a o do dia do crime, em uma rua da Zona Sul de São Paulo, onde ela e a mãe moravam, próximo à l0ja de autopeças de Cupertino. O pai não esteve presente no interrogatório. Ela foi a primeira das oito testemunhas ouvidas no processo. Em depoimento, Isabela falou que Cupertino não permitiu o namoro dela e ameaçou matá-la com sua mãe quando descobriu o romance.

Cupertino não esteve presente no depoimento de Isabela. (Foto: Reprodução/TV Globo)

Eu lembro que ele me pegou pelo pescoço, me prensou contra a parede, me chamou de mentirosa, dissimulada, falou que eu era igual a minha mãe… nós éramos muito mentirosas, e ele devia ter dado um tiro na minha cabeça e na dela“, revelou. Ela contou que ouviu os tiros de dentro de sua casa para a rua, onde estavam Rafael e seus pais.

Vanessa, ex-esposa de Cupertino, também falou sem a presença do réu. Logo no começo de seu depoimento, ela afirmou: “O que eu posso dizer é que ele assassinou as três pessoas a sangue frio“. E depois comentou sobre o comportamento violento, agressivo e misógino contra ela e a filha. A sentença de 98 anos foi lida na última sexta-feira (30). Paulo Cupertino foi condenado por triplo homicídio com qualificação por motivo torpe e por ter impossibilitado a defesa das vítimas.

Ao jornalístico, Maria Gorete Silva Carvalho, tia de Rafael, falou do sentimento de “alívio” com a sentença. “Você se lembra de tudo, né? Aniversário, fim de ano, nos domingos quando estava todo mundo junto. Era tão bom. Fiquei com medo de ele sair por aquela porta. A Justiça foi feita“, completou.

Confira a reportagem na íntegra:

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