Influenciador que atropelou e matou fisioterapeuta recém-casado é solto no RJ; Justiça explica decisão e família da vítima se pronuncia

Influenciador ficou 10 meses foragido e se entregou na semana ada

A Justiça do Rio de Janeiro autorizou a soltura do influenciador Vitor Belarmino, acusado de atropelar e matar o fisioterapeuta Fábio Toshiro Kikuta horas depois de seu casamento, em julho de 2024, na orla do Recreio dos Bandeirantes. Segundo o g1, a decisão foi assinada pela juíza Alessandra da Rocha Lima Roidis, da 1ª Vara Criminal da Capital, nesta sexta-feira (30), e levou em conta o argumento da defesa de que não há mais risco à instrução do processo nem à ordem pública. A magistrada determinou que Belarmino deve cumprir uma série de medidas cautelares para responder ao processo em liberdade.

A revogação da prisão preventiva gerou frustração entre familiares e amigos da vítima. “Óbvio que para a família, para a Bruna, para os amigos, dá uma sensação de impunidade, de tristeza mesmo, de desapontamento. A palavra é desapontamento. Mas eles confiam que no julgamento ele vai ser condenado e responder pelas ações dele”, declarou a advogada Tathiana Costa, que representa a viúva, Bruna Toshiro, ao portal. Ela afirmou ainda que deve se reunir com o Ministério Público para discutir a possibilidade de recorrer da decisão: “Decisão judicial a gente cumpre e recorre. Segunda-feira eu vou ter uma reunião com o Ministério Público para ver as possibilidades de recurso dessa decisão”.

O Ministério Público havia se posicionado contra a soltura, destacando que o acusado permaneceu foragido por quase 10 meses, justamente durante a maior parte da fase de instrução, e que testemunhas, incluindo a viúva, ainda precisam ser ouvidas. Apesar disso, a juíza considerou que os fundamentos que justificaram a prisão em 2024 “não se mantêm válidos” atualmente. Entre os pontos apresentados para a liberação, foram citados o fato de Belarmino ser réu primário, ter bons antecedentes e que das 97 infrações na sua CNH, apenas 11 são atribuídas diretamente a ele, nenhuma por direção em alta velocidade.

A magistrada frisou que decisões judiciais devem seguir critérios legais e não podem ser baseadas em “pressões sociais ou comoção pública”. Ela também revogou a revelia decretada durante o período em que Belarmino estava foragido, reconhecendo que ele se apresentou voluntariamente às autoridades no dia 19 de maio. A juíza alertou que, em caso de descumprimento das condições, a prisão preventiva poderá ser novamente decretada.

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Entre as medidas impostas para que ele continue em liberdade estão: comparecimento mensal à Justiça para informar atividades e endereço; proibição de dirigir e recolhimento da carteira de habilitação; proibição de frequentar casas noturnas entre 22h e 6h; proibição de se aproximar da viúva da vítima num raio de 500 metros; proibição de contato com testemunhas ou familiares da vítima, inclusive por redes sociais; e impedimento de sair da comarca por mais de 30 dias sem autorização judicial. O aporte do réu segue retido.

No interrogatório realizado na última quarta-feira (28), Belarmino voltou a alegar que não estava correndo no momento do acidente. Segundo ele, ao tentar ultraar uma moto, se deparou com o casal na pista e tentou frear: “Freei tudo o que podia e tentei jogar o carro para a esquerda em direção ao canteiro, mas tinham dois carros estacionados e, também tentei não bater neles”. Questionado pela promotoria sobre a velocidade antes do acidente, ele não respondeu. O laudo da 42ª DP (Recreio), que conduziu a investigação, indicou que o carro estava a 109 km/h no momento da colisão, podendo ter atingido até 160 km/h antes disso, bem acima do limite da via, que é de 70 km/h.

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Ainda durante o depoimento, o influenciador afirmou ter parado após o atropelamento, mas fugiu temendo agressões: “Vi várias pessoas chegando para socorrer e, também, a taça de vinho que a Amanda carregava quebrada no banco de carona. Fiquei com medo de ser linchado e segui”. Ele responde por homicídio doloso e omissão de socorro.

Relembre o caso

O atropelamento aconteceu na noite de 13 de julho de 2024, na Avenida Lúcio Costa, no Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro. Fábio Toshiro e sua esposa, Bruna Villarinho, recém-casados, deixavam o hotel onde ariam a noite de núpcias e caminhavam em direção à praia quando foram atingidos por uma BMW conversível em alta velocidade. Vitor Belarmino, ao volante, voltava de uma festa e estava com cinco mulheres no carro.

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A investigação aponta que o carro trafegava a 109 km/h em um trecho com limite de 70 km/h, e chegou a atingir 160 km/h antes da colisão. Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que Fábio é arremessado no ar, enquanto a BMW freia por instantes e depois acelera novamente, deixando o local sem prestar socorro.

Testemunhas afirmaram que, após o atropelamento, o corpo de Fábio chegou a ser projetado para dentro do carro. Os ocupantes retiraram o corpo da BMW, jogaram copos de bebida fora e fugiram. O veículo foi encontrado horas depois, em um condomínio na Barra da Tijuca, com sinais de vinho derramado e taça quebrada no interior. Saiba mais detalhes, clicando aqui.

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