O engenheiro aeronáutico e perito criminal, Celso Faria de Sousa, afirmou que uma falha no sistema de propulsão pode ter ocasionado a queda do avião na Índia, nesta quinta-feira (12).
“Por que entendemos que foi um problema de propulsão? No momento da decolagem, exige-se demais dos motores. Por isso, é preciso ter uma propulsão que te ajude a ganhar altitude, com os motores a pleno e desenvolvendo a maior potência possível. Depois que se está lá em cima, reduz-se [ a potência dos motores]. No momento da decolagem, eles precisam estar funcionando muito bem”, explicou Sousa, ao UOL News.
Em seguida, ele fez uma análise do vídeo que circulou nas redes sociais. “Na decolagem, a aeronave começa a perder altitude e cai. Não a vemos girar, desviar ou perder a direção. Isso indica que o piloto ainda estava conseguindo manobrá-la, mas não tinha motor. Nesse momento, ele tem que escolher a área em que dá conta de colocar a aeronave de modo a causar menos dano global. Deve ter sido isso o que ele tentou fazer”, sugeriu.
Contudo, a falha poderia estar relacionada a um conjunto de fatores. “Pode ser algum problema de alimentação, mas não basta falhar uma bomba de combustível, e sim quatro. Perder as quatro bombas de combustível ao mesmo tempo é muito difícil e complicado, principalmente por haver bombas que são tocadas pelo próprio motor e outras elétricas. Então, quando se perde uma, há outras. É mais difícil elas falharem ao mesmo tempo do que haver um problema nos motores”, ressaltou o perito.
“Ainda resta a pergunta: como ele perde os dois motores? Para fins de certificação, essa aeronave teve que demonstrar que pode decolar com um motor operante apenas”, acrescentou. Veja o momento da queda:
🚨URGENTE: Avião com destino a Londres acaba de cair na Índia com 244 ageiros a abordo, na queda o avião explodiu pic.twitter.com/iezsc6PQdJ
— Astronomiaum (@astronomiaum) June 12, 2025
Celso, porém, não acredita que o acidente tenha sido causado por falha de manutenção. Ele destacou que a Air India faz parte de um grupo de empresas que exige um rigoroso controle. “Pode haver um acidente por causa mecânica agravada por falha humana, mas isso é extremamente raro”, observou.
“A Air India faz parte da Star Alliance, que não aceita qualquer empresa nos quadros. Eles fazem uma auditoria e a empresa tem que ter um padrão mínimo tanto de manutenção como de pessoal, recebimento, atendimento em solo e despacho de bagagem”, listou o perito.
Ao final, Sousa levantou uma hipótese sobre o resultado das investigações. “Por isso, o pessoal da Air India não deve fazer uma manutenção inadequada. Ela deve ser de bom porte. Com o avançar das investigações, acabaremos vendo que foi uma soma de fatores que levou a esta queda”, cravou.

O voo AI171 da Air India, com destino ao aeroporto de Gatwick, na cidade de Londres, caiu poucos minutos após decolar de Ahmedabad, às 13h39 (horário local). Após o impacto, o avião pegou fogo. Ao todo, 242 pessoas estava a bordo, sendo 232 ageiros e 10 membros da tripulação.
Este é o primeiro acidente fatal envolvendo uma aeronave Boeing 787, de acordo com o banco de dados da Aviation Safety Network. Lançado em 2011, o modelo é conhecido por sua tecnologia avançada e sólido histórico de segurança.
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